40 Mil Utentes do Seixal Exigem a Reabertura dos SAP(s)
No dia 27 de Novembro, uma delegação das Comissões de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal fez entrega no Ministério da Saúde e na Presidência da Assembleia da República de um abaixo-assinado com 40 mil assinaturas de cidadãos eleitores utentes inscritos nos centros de saúde do concelho do Seixal, exigindo a reabertura até às 24 horas dos Serviços de Atendimento Permanente do Centro de Saúde de Corroios e do Centro de Saúde do Seixal.
O elevado número de assinaturas recolhidas em 4 meses é revelador do profundo descontentamento da população face ao encerramento dos SAP e à política de saúde do governo do PS.
Dados recentemente divulgados pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), referem que os hospitais e unidades de saúde privados fizeram 750 mil urgências em 2006, o que representou um aumento de 10% em relação a 2005. Simultaneamente os jornais fizeram saber que entre Janeiro e Setembro deste ano os Centros de Saúde efectuaram menos 700 mil consultas de doença aguda (onde se incluem as consultas efectuadas em SAP). Tais factos são reveladores de que por detrás da retórica da racionalização dos serviços o que está verdadeiramente em curso é um projecto de privatização dos cuidados de saúde, como aqui já várias vezes denunciámos.
O recente debate do Orçamento para 2008 e do Relatório do Tribunal de Contas sobre o “Acompanhamento da Situação Económico Financeira do Serviço Nacional de Saúde (SNS) – 2006” confirma ser esse o verdadeiro projecto do governo na área da saúde. De acordo com os valores dados a conhecer, o governo, desde 2005 e a preços desse ano, descapitalizou em mais de 900 milhões de Euros o SNS e ao mesmo tempo permite que as empresas de seguros acumulem dívidas de centenas de milhões de Euros ao SNS. Entretanto, numa nova demonstração de que as políticas de privatização na saúde levam ao aumento da despesa e dos custos da saúde para o Estado e sobretudo para os doentes, só nos primeiros 10 meses de 2007, segundo o Instituto Nacional de Estatística, os preços de bens e serviços de saúde aumentaram em Portugal 8,1% em relação a igual período de 2006, o que significou que o aumento de preços na saúde foi 3,4 vezes superior à taxa de inflação média.
A redução da oferta e o aumento do preço dos serviços de saúde não deixarão de ter um forte impacto negativo na qualidade de vida e na esperança de vida dos portugueses, sobretudo dos que pertencem às camadas sociais mais desfavorecidas.
É necessário e é possível no entanto mudar o actual rumo da política de saúde.
É essa necessidade que sentem e é nessa possibilidade que acreditam os 40 mil cidadãos do Seixal que subscreveram o abaixo-assinado pela reabertura dos SAP(s).
O artigo é do Joaquim Judas, o que está em destaque é da minha responsabilidade.
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