Ao Novo Hospital do Seixal o Governo do PS diz NIM
O artigo que se segue é do Joaquim Judas e explica bem como funciona o compliquex, uma medida que governo do PS criou para adiar investimentos importantes para o distrito de Setúbal.
"Os 65 mil residentes no Seixal que subscreveram um abaixo-assinado reivindicando a construção de um novo hospital no Seixal continuam à espera de resposta do Governo.
Fazendo tábua rasa das conclusões dos técnicos da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que em 2002 já haviam concluído sobre a necessidade de construção de uma nova unidade hospitalar na zona Fogueteiro/Amora para colmatar as insuficiências do Hospital Garcia d’Orta, o Ministro Correia de Campos do PS, tal como antes o Ministro Luís Filipe Pereira do PSD, diz que só se pode pronunciar após as conclusões de um grupo de estudo que deve terminar os seus trabalhos em Janeiro de 2006. O Sr. Ministro e o seu Grupo de Estudos parece funcionar mais em acordo com o calendário político das eleições autárquicas e presidenciais do que com o calendário das necessidades de cuidados de saúde das populações.
De entre os argumentos contra o hospital no Seixal apresentamos a seguir os mais repetidos.
“Não há médicos!”
Este é o argumento mais utilizado.
A falta de médicos é um problema nacional gravíssimo que resulta da irresponsabilidade dos sucessivos governos que não souberam planear a formação médica de acordo com as necessidades reais das populações. A situação é gritante no que se refere a médicos de família, sendo o Seixal um dos concelhos mais carenciados, senão o mais carenciado, a nível nacional.
Mas a falta de planeamento e intervenção do governo ao nível da formação médica não pode ser argumento para a não construção de um novo hospital público.
Em meados dos anos noventa cerca de 70% das consultas de Especialidade e 20% das consultas de Clínica Geral já eram feitas em consultórios privados. A situação é hoje certamente muito pior. Entretanto os grandes grupos financeiros privados continuam a construir novas e grandes unidades hospitalares para onde atraem os médicos que necessitam. Nos últimos anos foi construído um novo hospital privado na península de Setúbal que atende utentes de vários subsistemas de saúde com quem tem convenções.
A falta de médicos é pois um problema agravado pela sua má distribuição, não tanto entre áreas geográficas mas ente o sector privado e o sector pública na saúde, com desvantagem para este último. A falta de iniciativa pública do Estado na construção do novo hospital não vai ultrapassar o problema das falta de médicos, mas sim agravar o já gritante problema da sua falta no sector público com graves consequências no acesso à saúde das populações mais carenciadas.
“Há recursos que cheguem nos hospitais existentes. O que faz falta é organização!”
Sem dúvida que é sempre necessário e é sempre possível melhorar a organização dos serviços de saúde e dos hospitais de uma forma geral e na península de Setúbal em particular. É sempre possível, pelo menos, adoptar medidas paliativas.
Há no entanto situações que são condicionantes da boa vontade dos profissionais, do bom desempenho da gestão e das soluções organizativas. Um hospital não está só dependente da sua missão. Como estrutura física que é, está condicionado também, entre outras coisas, pelo espaço disponível. O que foi previsto para 150 mil pessoas não chega para 450 mil, ou mesmo 750 mil nos meses de verão.
O Hospital Garcia d’Orta não consegue dar resposta aos utentes da sua área em Cirurgias e em Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica; a Consulta Externa é um caos, prolongando-se por meses a espera para consultas de algumas especialidades; da Urgência não vale a pena fazer comentários estando desde 1998 previstas obras que até agora não se realizaram; algumas unidades de internamento têm dificuldade em dar acolhimento ao fluxo de doentes; as corporações de bombeiros queixam-se de dificuldade de acesso nas horas de ponta e de atrasos na libertação de meios de apoio aos doentes que transportam.
Estas limitações levam ao esgotamento dos profissionais, à desumanização no atendimento dos doentes, à degradação da qualidade dos cuidados, ao aumento da despesa com a saúde suportada directamente pelas famílias obrigadas o procurar soluções alternativas.
“A prioridade deve ser dada à melhoria das condições de atendimento nos Centros de Saúde. Só depois se deverá encarar a questão do hospital”.
A situação no Concelho do Seixal é talvez a mais grave a nível nacional no que respeita à falta de médicos de família. A falta de instalações dignas e adequadas às necessidades de atendimento dos utentes e às condições de trabalho dos profissionais continuam a faltar. Não fosse a iniciativa e a disponibilidade do Poder Local em ceder terrenos e insistir na realização de obras, a situação seria agora a mesma que no início dos anos oitenta. O Poder Central só a muito custo e com atraso foi construindo algumas novas instalações para Centros e Extensões de Saúde, sempre em terrenos cedidos pela Câmara.
Medidas para melhorar a resposta ao nível dos Centros de Saúde no Concelho do Seixal são urgentes, mas são igualmente urgentes as medidas para a construção de um novo hospital que permita dar resposta às necessidades de cuidados hospitalares das populações dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra e das restantes áreas de referência do Hospital Garcia d’Orta.
O concelho do Seixal encontra-se no cruzamento de duas prioridades: uma local, de colocação de médicos de família e construção de novas instalações para Centros e Extensões de Saúde; outra regional, da construção de um novo hospital para as populações dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. Não é possível estabelecer uma prioridade entre cada uma destas medidas. São ambas necessárias e urgentes.
Seria absurdo que as faltas do governo para com o concelho do Seixal servissem como argumento para justificar as suas faltas para com toda a região.
“O que é preciso é um hospital de retaguarda!”
A criação de hospitais que acolham doentes estáveis, necessitados de cuidados continuados de saúde só possíveis em condições de internamento tem-se vindo a tornar cada vez mais pertinente. Os argumentos utilizados são, entre outros, de que com menor dispêndio de recursos podem acompanhar de forma mais humanizada a evolução da situação clínica dos doentes pela maior proximidade com as famílias e pela especialização dos profissionais de saúde encarregados de lhes dar assistência.
A criação de hospitais de retaguarda no Seixal, em Almada e em Sesimbra pode libertar algumas camas de internamento do HGO, mas não elimina a necessidade a construção de um novo hospital. As insuficiências do HGO ultrapassam largamente aquilo a que um hospital de retaguarda pode dar resposta pelo carácter limitado da sua missão.
“Portugal tem uma cultura de saúde ‘hospitalocêntrica’, só o que se passa nos hospitais interessa à opinião pública e aos meios de comunicação social”
“A população o que queria era um hospital na sua rua”
“O que mais agrada a um autarca, ou um ministro, é dizer que conseguiu um hospital para o seu concelho ou para o seu distrito”.
Este tipo de argumentação não tem nada a ver com uma discussão racional sobre a necessidade, ou não, de um hospital, mas aparece de forma explícita, ou está, de forma preconceituosa, mais presente no debate do que aquilo que se possa pensar.
O Seixal foi convidado pela Organização Mundial de Saúde para integrar a Rede Europeia das Cidades Saudáveis e foi eleito pelos seus pares para integrar o Comité Consultivo da OMS para este projecto justamente porque não é essa a sua cultura nem tem sido essa a atitude dos seus autarcas ou da sua população.
O Projecto das Cidades Saudáveis que se desenvolve no Concelho do Seixal para promoção da saúde e prevenção das doenças tem provas dadas e é reconhecido como exemplar a nível nacional e internacional. Como foi reconhecido e afirmado pelos especialistas de Saúde Pública presentes no Fórum Seixal Saudável realizado em Abril deste ano: “O facto de terem sabido desenvolver o Projecto Seixal Saudável dá ainda mais razão à vossa reivindicação da construção de um novo hospital”.
"Os 65 mil residentes no Seixal que subscreveram um abaixo-assinado reivindicando a construção de um novo hospital no Seixal continuam à espera de resposta do Governo.
Fazendo tábua rasa das conclusões dos técnicos da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que em 2002 já haviam concluído sobre a necessidade de construção de uma nova unidade hospitalar na zona Fogueteiro/Amora para colmatar as insuficiências do Hospital Garcia d’Orta, o Ministro Correia de Campos do PS, tal como antes o Ministro Luís Filipe Pereira do PSD, diz que só se pode pronunciar após as conclusões de um grupo de estudo que deve terminar os seus trabalhos em Janeiro de 2006. O Sr. Ministro e o seu Grupo de Estudos parece funcionar mais em acordo com o calendário político das eleições autárquicas e presidenciais do que com o calendário das necessidades de cuidados de saúde das populações.
De entre os argumentos contra o hospital no Seixal apresentamos a seguir os mais repetidos.
“Não há médicos!”
Este é o argumento mais utilizado.
A falta de médicos é um problema nacional gravíssimo que resulta da irresponsabilidade dos sucessivos governos que não souberam planear a formação médica de acordo com as necessidades reais das populações. A situação é gritante no que se refere a médicos de família, sendo o Seixal um dos concelhos mais carenciados, senão o mais carenciado, a nível nacional.
Mas a falta de planeamento e intervenção do governo ao nível da formação médica não pode ser argumento para a não construção de um novo hospital público.
Em meados dos anos noventa cerca de 70% das consultas de Especialidade e 20% das consultas de Clínica Geral já eram feitas em consultórios privados. A situação é hoje certamente muito pior. Entretanto os grandes grupos financeiros privados continuam a construir novas e grandes unidades hospitalares para onde atraem os médicos que necessitam. Nos últimos anos foi construído um novo hospital privado na península de Setúbal que atende utentes de vários subsistemas de saúde com quem tem convenções.
A falta de médicos é pois um problema agravado pela sua má distribuição, não tanto entre áreas geográficas mas ente o sector privado e o sector pública na saúde, com desvantagem para este último. A falta de iniciativa pública do Estado na construção do novo hospital não vai ultrapassar o problema das falta de médicos, mas sim agravar o já gritante problema da sua falta no sector público com graves consequências no acesso à saúde das populações mais carenciadas.
“Há recursos que cheguem nos hospitais existentes. O que faz falta é organização!”
Sem dúvida que é sempre necessário e é sempre possível melhorar a organização dos serviços de saúde e dos hospitais de uma forma geral e na península de Setúbal em particular. É sempre possível, pelo menos, adoptar medidas paliativas.
Há no entanto situações que são condicionantes da boa vontade dos profissionais, do bom desempenho da gestão e das soluções organizativas. Um hospital não está só dependente da sua missão. Como estrutura física que é, está condicionado também, entre outras coisas, pelo espaço disponível. O que foi previsto para 150 mil pessoas não chega para 450 mil, ou mesmo 750 mil nos meses de verão.
O Hospital Garcia d’Orta não consegue dar resposta aos utentes da sua área em Cirurgias e em Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica; a Consulta Externa é um caos, prolongando-se por meses a espera para consultas de algumas especialidades; da Urgência não vale a pena fazer comentários estando desde 1998 previstas obras que até agora não se realizaram; algumas unidades de internamento têm dificuldade em dar acolhimento ao fluxo de doentes; as corporações de bombeiros queixam-se de dificuldade de acesso nas horas de ponta e de atrasos na libertação de meios de apoio aos doentes que transportam.
Estas limitações levam ao esgotamento dos profissionais, à desumanização no atendimento dos doentes, à degradação da qualidade dos cuidados, ao aumento da despesa com a saúde suportada directamente pelas famílias obrigadas o procurar soluções alternativas.
“A prioridade deve ser dada à melhoria das condições de atendimento nos Centros de Saúde. Só depois se deverá encarar a questão do hospital”.
A situação no Concelho do Seixal é talvez a mais grave a nível nacional no que respeita à falta de médicos de família. A falta de instalações dignas e adequadas às necessidades de atendimento dos utentes e às condições de trabalho dos profissionais continuam a faltar. Não fosse a iniciativa e a disponibilidade do Poder Local em ceder terrenos e insistir na realização de obras, a situação seria agora a mesma que no início dos anos oitenta. O Poder Central só a muito custo e com atraso foi construindo algumas novas instalações para Centros e Extensões de Saúde, sempre em terrenos cedidos pela Câmara.
Medidas para melhorar a resposta ao nível dos Centros de Saúde no Concelho do Seixal são urgentes, mas são igualmente urgentes as medidas para a construção de um novo hospital que permita dar resposta às necessidades de cuidados hospitalares das populações dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra e das restantes áreas de referência do Hospital Garcia d’Orta.
O concelho do Seixal encontra-se no cruzamento de duas prioridades: uma local, de colocação de médicos de família e construção de novas instalações para Centros e Extensões de Saúde; outra regional, da construção de um novo hospital para as populações dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. Não é possível estabelecer uma prioridade entre cada uma destas medidas. São ambas necessárias e urgentes.
Seria absurdo que as faltas do governo para com o concelho do Seixal servissem como argumento para justificar as suas faltas para com toda a região.
“O que é preciso é um hospital de retaguarda!”
A criação de hospitais que acolham doentes estáveis, necessitados de cuidados continuados de saúde só possíveis em condições de internamento tem-se vindo a tornar cada vez mais pertinente. Os argumentos utilizados são, entre outros, de que com menor dispêndio de recursos podem acompanhar de forma mais humanizada a evolução da situação clínica dos doentes pela maior proximidade com as famílias e pela especialização dos profissionais de saúde encarregados de lhes dar assistência.
A criação de hospitais de retaguarda no Seixal, em Almada e em Sesimbra pode libertar algumas camas de internamento do HGO, mas não elimina a necessidade a construção de um novo hospital. As insuficiências do HGO ultrapassam largamente aquilo a que um hospital de retaguarda pode dar resposta pelo carácter limitado da sua missão.
“Portugal tem uma cultura de saúde ‘hospitalocêntrica’, só o que se passa nos hospitais interessa à opinião pública e aos meios de comunicação social”
“A população o que queria era um hospital na sua rua”
“O que mais agrada a um autarca, ou um ministro, é dizer que conseguiu um hospital para o seu concelho ou para o seu distrito”.
Este tipo de argumentação não tem nada a ver com uma discussão racional sobre a necessidade, ou não, de um hospital, mas aparece de forma explícita, ou está, de forma preconceituosa, mais presente no debate do que aquilo que se possa pensar.
O Seixal foi convidado pela Organização Mundial de Saúde para integrar a Rede Europeia das Cidades Saudáveis e foi eleito pelos seus pares para integrar o Comité Consultivo da OMS para este projecto justamente porque não é essa a sua cultura nem tem sido essa a atitude dos seus autarcas ou da sua população.
O Projecto das Cidades Saudáveis que se desenvolve no Concelho do Seixal para promoção da saúde e prevenção das doenças tem provas dadas e é reconhecido como exemplar a nível nacional e internacional. Como foi reconhecido e afirmado pelos especialistas de Saúde Pública presentes no Fórum Seixal Saudável realizado em Abril deste ano: “O facto de terem sabido desenvolver o Projecto Seixal Saudável dá ainda mais razão à vossa reivindicação da construção de um novo hospital”.
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